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tecido habitado de densidade incerta

Armazéns, oficinas, hortas, pomares, galinheiros, pombais, antenas, chaminés, diques, poços, muros são elementos que caracterizam o avesso da imagem pública das cidades – o ‘miolo’ dos quarteirões. Estes ‘interiores’ não têm ‘fachada’ no sentido ‘tradicional’ do termo. São regidos por ordens ocultas ou, pelo menos, menos evidentes que a ‘ordem pública’ regulamentada.
Propõe-se como exercício um processo de densificação do miolo dos quarteirões com um programa de habitação colectiva que desafia o seu uso privado. Elege-se como suporte três áreas de actuação contíguas na cidade de Guimarães: três interiores de quarteirão de dimensão variada caracterizados por uma combinação particular de sistemas de parcelamento diferenciados (o fundo do lote estreito e alongado, o fundo do lote mais alargado de unidades fabris, o terreno baldio sem construção). Pretende-se a concepção de uma pequena ‘unidade de habitação’ repetível (literalmente ou em variações) capaz de interagir com este ‘fundo’ na criação de um tecido de densidade incerta. A ‘unidade de habitação’ não é uma ‘casa’ nem um ‘bloco’ –será um fragmento projectado para liderar com uma realidade particular, uma espécie de elemento à procura de nome. Para a relação entre ‘unidade’ e ‘tecido de densidade incerta’ julga-se pertinente utilizar a noção de ‘campo’ num sentido importado de Stan Allen – “associações debilmente conectadas, caracterizadas pela porosidade e por uma inter-conexão local”. O conjunto proposto será uma ‘forma aberta’ trabalhada num processo ‘fluído’ de interacção com um suporte concreto, uma espécie de layer de intensidade variável que deverá fundir-se com a ‘paisagem’ que caracteriza o interior dos quarteirões – mais ‘elemento’ menos ‘elemento’ não deverá pôr em causa a ideia do projecto. “Eu alteraria a palavra ideia pela palavra dialogo, conversação mais do que ideia”, dizia Enric Miralles numa entrevista.




Dados do exercício

Apartamentos 160x75m2

Escritórios 70x50m2

Comércios 10x50m2

+

240 lugares de estacionamento (coberto ou descoberto)

Superfície aproximada de construção por áreas de intervenção (excluindo circulações comuns):

- área A – 10 000m2

- área B – 5 000m2

- área C – 1000m2

Cada ‘unidade de habitação’ terá 700 / 1000 m2 e deverá preferencialmente incluir uma combinação de apartamentos com outro programa ao qual se deverá garantir um sistema de acessos independente.

A área do apartamento deverá ser estudada no mínimo para três situações diferentes de uso:

- quatro jovens que partilham a casa

- família de quatro membros

- casal de idosos ou pais cujos filhos se emanciparam

As áreas dos escritórios deverão poder ser agregadas até uma superfície mínima de 150m2.

O estacionamento estará preferencialmente concentrado na área A

A área do solo impermeabilizada terá um máximo de 30% da área total de intervenção.






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